viernes, 4 de marzo de 2011

Sexualidade, uma forma mais gostosa de amar!

Muitas pessoas pensam que sexualidade é apenas sexo e pronto, posso dizer que estão enganados, isso é um pensamento idiota e ignorante, a sexualidade é uma forma de se aceitar e aceitar o próximo de forma que possasse amar, não com um amor fraternal ou maternal, mas sim um amor eros. A sexualidade é uma arte gostosa de se ver e é preciso saber analisá-la e compreendê-la para poder chegar aos momentos de felicidade. Ao aceitar sua própria sexualidade você consegue aceitar as pessoas sem discriminação e sente-se mais seguro e livre para expandir seus pensamentos e poder amar quem quiser quando quiser. Para vocês leitores de meu blog conhecerem um pouco mais sobre a sexualidade, publicarei seguinte um artigo de nome "O Que é a Sexualidade" de Enéas Martim Canhadas, onde ele faz várias distinções sobre a sexualidade e sexo, a sexualidade e o sexo entre pessoas do mesmo sexo, sexualidade antes do casamento e doutrina espírita, amor e paixão, etc.
Boa leitura!!!

O que é sexualidade ?

Enéas Martim Canhadas

O que podemos entender por sexualidade?

Podemos, de uma maneira um tanto simplificada, entender a sexualidade quando estamos falando e pensando sobre as nossas sensações, sentimentos e emoções envolvendo a energia sexual. Para falar de energia sexual podemos nos referir à libido, se quisermos ser um pouco técnicos ou psicólogos no assunto. Libido vem do latim e quer dizer “desejo violento ou luxúria” Mas no sentido psicanalítico – a psicanálise foi criada por Freud – temos a energia motriz dos instintos de vida, portanto da conduta ativa e criadora do homem. Assim nos explica de forma bem acessível o dicionário Aurélio. Ou podemos falar de energias perispirituais enquanto força criadora presente em todos nós, espíritos em evolução passando por este plano. É claro que poderíamos apresentar outras definições, quer de tendências religiosas ou como explicação teórica e técnica sobre o assunto.

Quando estamos falando de sexualidade, não estamos falando de sexo?

É claro que sim. No entanto esses dois temas podem nos levar a destinos muito diferentes. Quando falamos ou tratamos de sexualidade estaremos pensan

do nas energias que são canalizadas no nosso corpo dessa maneira, isto é, na form

a de sexualidade. Estaremos portanto falando, de nossos desejos, de nossas sensações prazerosas, de nossa compreensão sobre a maneira como sentimos e lidamos com as questões que envolvem essas energias. Estamos falando, por exemplo, de como nos relacionamos sexualmente, de como controlamos os nossos impulsos relativos ao sexo, de como podemos expressar a nossa sexualidade publicamente ou intimamente, de como estas manifestações alteram e interferem nas nossas vidas, de como sentimos tais energias nos nossos corpos e de como essa energia pode ser usada bem ou mau, construtiva ou de maneira desastrosa.

Já quando estamos falando do sexo, já estamos falando da prática do sexo exclusivamente. Aí então, falamos de sexo bom ou ruim, de sexo moralmente aprovado ou desaprovado, estamos falando da prática sexual simplesmente ainda que não tenha finalidades mais elevadas, falamos de sexo seguro, de sexo arriscado, de sexo depravado ou patológico e assim por diante.

Podemos entender a pornografia e o

utras tendências como fazendo parte da sexualidade?

Sim. Exatamente porque, a partir das definições que adotamos, fazem parte dos sentimentos libidinosos (ver libido) dos seres humanos e também são energias perispirituais. Embora a pornografia represente a prática do sexo moralmente reprovado, e do ponto de vista do psiquismo um sexo pervertido em muitos casos, são manifestações doentes da sexualidade que todos os seres humanos possuem. É como falar de agressividade, mas na forma manifesta de violência ou, por outro lado, de passividade.

A prática sexual entre pessoas do mesmo sexo, pode ser encarada como uma manifestação normal da sexualidade?

Você consideraria uma pessoa de personalidade orgulhosa ou arrogante, uma personalidade anormal ou doente? De outro modo, você trataria o teu filho que é muito egoísta, que não reparte o seu lanche da escola com ninguém, um filho anormal? Certamente que não. Você dirá que seu filho tem algumas distorções de comportamento e que precisa aprender a ser mais altruísta. Ou da pesso

a orgulhosa, você dirá que deverá superar o seu orgulho e mostrar-se mais reconhecida de que todos temos qualidades e defeitos e que ela não é tão melhor do que os demais mortais, não é mesmo?

Vejamos de outra forma. André Luiz, em “No Mundo Maior” no capítulo 11 chamado “Sexo” diz: “Erro lamentável é supor que só a perfeita normalidade sexual, consoante as respeitáveis convenções humanas, possa servir de templo às manifestações afetivas. O campo do amor é infinito em sua essência e manifestação.” Insta fugir às aberrações e aos excessos; contudo, é imperioso reconhecer que todos os seres nasceram no Universo para amar e serem amados.”

Do ponto de vista do comportamento, portanto da Psicologia, o problema não se localiza exatamente no fato de ser ou não normal essa prática. O que observamos nos consultórios é que as pessoas, honesta e sinceramente, não sabem explicar porque existe dentro de si, o sentimento de afeto, paixão e amor por uma outra pessoa do mesmo sexo. Assim como você não saberá dizer porque sente prazer e atração pelo sexo oposto. Apenas irá dizer que acha isso normal. Acontece que, para as pessoas que sentem diferente também localizam dentro de si um sentimento normal, pois desde que se lembram, em outros casos, a partir de um momento qualquer, passaram a experimentar tais sentimentos.

Do ponto de vista da experiência evolutiva do espírito, não podemos deixar de pensar que se, evoluímos pelas mais diversas experiências que nos propusemos a viver neste plano, porque não certas pessoas também estarem passando por tais sentimentos como questões ainda importantes para serem vividas, compreendidas e superadas. E vejam bem, não estou dizendo aqui que superar é deixar de sentir-se atraído pelo sexo oposto, pois se assim fosse teria que dizer também que nascer mulher ou homem também seria uma experiência de superação dessa condição. Não é isso que nos ensina a doutrina Espírita, mas sim que temos de nascer como homens e mulheres como parte do amadurecimento do nosso espírito e para assim, evoluírmos no sentido dos espíritos iluminados que um dia, não serão mais regidos pelas energias sexuais divididas em masculinas e femininas.

Como podemos compreender o sexo antes do casamento? A doutrina Espírita dá suporte a esta prática?

Não se pode dizer que a doutrina Espírita dá suporte a esta ou àquela prática. No livro “Vida e Sexo” psicografado por Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, no capítulo que trata do “Compromisso Afetivo” encontramos: “Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade.” É importante observar com que sabedoria e respeito ao livre arbítrio essas orientações nos são dadas. Adverte ainda o mesmo espírito que tais experiências, quando um dos parceiros lesa o outro na sustentação do equilíbrio emotivo, provoca a “ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas” e caso o parceiro que se sente prejudicado “não possua conhecimentos superiores na autodefensiva” pode entrar em pânico ou até mesmo chegar à delinqüência. Diante dessas afirmações podemos aprender que as questões fundamentais sobre o sexo antes do casamento não residem nas questões do certo e do errado ou se podem ou não fazer isto ou aquilo. Espíritos em evolução que somos, e sabedores de que possuímos o livre arbítrio, os problemas são de outra ordem e grandeza, como nos ensina ainda Emmanuel “quem estude os conflitos de sexo, na atualidade da Terra, admitindo a civilização em decadência, tão só examinando os absurdos que se praticam em nome do amor, ainda não entendeu que os problemas do equilíbrio emotivo são, até agora, de todos os tempos, na vida planetária.” Lembremos ainda o Livro dos Espíritos, no capítulo IV do livro Terceiro quanto ao “Casamento e Celibato” que a “união livre e fortuita dos sexos pertence ao estado de natureza” com isso nos alertando para um estágio de evolução ainda muito mais próximo do nosso estado anímico de que da nossa meta de seres da luz. O que nos é importante pensar e ter em mente é que somos Espíritos evolucionários e não cabe alguém ou algum código de ética ficar dizendo, ponto por ponto, o que devemos e o que não devemos fazer. A doutrina Espírita, sábia na sua maneira de amparar os nossos atos através das leis naturais que codificou, tem o mérito de mostrar através de quais mecanismos se faz tal evolução. No entanto, se desse suporte a uma ou outra prática, estaria tirando dos seres humanos a liberdade da evolução com todas as suas implicações. E finalmente, não existem experiências que devam ser recomendadas como mais eficientes para a evolução de quem quer que seja. A evolução é um processo, não um método para apressar os passos dos seres errantes que somos, caminhantes em marcha perene pelas sendas da eternidade.

A expressão da sexualidade é uma expressão de amor?

Na manifestação do amor, certamente encontramos a sexualidade. No entanto não podemos dizer que na sexualidade está presente o amor. “O sexo e o cérebro não são músculos, nem podem ser. Disso decorrem várias conseqüências importantes, das quais esta não é a menor: não amamos o que queremos, mas o que desejamos...” Quando André Comte Sponville faz tal afirmação está falando dessa junção inevitável: o amor ao sexo. Estamos falando, pois, do amor da carne. Estamos falando do amor que deseja o outro e que, geralmente, pensa que o possui. Mas será isto amor? O poeta Rilke tem algo precioso a nos ensinar sobre isso: “a volúpia carnal é uma experiência dos sentidos, análoga ao simples olhar ou à simples sensação com que um belo fruto enche a língua. É uma grande experiência sem fim que nos é dada; um conhecimento do mundo. (...) O mal não está em que nós a aceitemos; o mal consiste em quase todos abusarem dessa experiência...” Por essa forma de provar o sabor, caímos no risco de consumir o outro como consumimos a fruta apetitosa. Essa maneira de gostar torna-se nem um pouco virtuosa, não podendo ser aplicada a ninguém. O amor antes preserva. A sexualidade como expressão de amor está ligada, de forma irreversível, ao poder e a posse. Mais do que isso, o amor validado pela sexualidade, acaba se tornando uma espécie de afeto geográfico. Eu gosto tanto mais do outro quanto mais eu possuo do outro. Por isso, expressões como “ela será minha para sempre”, “ele é o meu homem” querem dizer isso mesmo enquanto pensam que tal coisa pode acontecer. Será muito triste o dia que descobrirem que nunca possuíram nada.

Existe o amor? Ou vivemos apenas paixões que confundimos com um suposto e imaginário sentimento de amar? São diferentes?

Do grego nós temos que existem três maneiras de amar: a carência (erôs) que abrasileiramos por “eros” mais ligado a idéia do amor sensual; o regozijo (philia) que é a alegria pela boa nova anunciada pelo Cristo que nos torna capazes até mesmo de amar os nossos inimigos. É a alegria pela amizade e pelas possibilidades de amarmos a todos; a caridade (agapé) que podemos entender como a forma mais completa do amor. E com tal respeito e verdade amarmos tanto e de tal modo que nem percebemos que o nosso semelhante sofre e por isso precisa receber a nossa ajuda. Não podemos ajudar só os que sofrem, isto é, a nossa evolução ainda vai nos levar ao dia em que tenhamos a caridade como manifestação espontânea e que não necessite de causa ou motivo para ser manifesta.

Enquanto estamos falando da idéia de amor associado a manifestações da sexualidade, estamos falando das paixões que, enganosamente, chamamos de amor. A paixão, enquanto amor, não existe. E o amor enquanto o fogo da paixão não pode ser chamado ou considerado como tal. No entanto, a sexualidade presta aí um grande serviço. Ela é um fogo que pode purificar os apaixonados e transformar os sentimentos, um dia, em amor. Difícil será encontrar no amor ao outro, misturado com a volúpia do sexo o amor que tanto se propaga. Provavelmente tais sentimentos não passam das frases que ouvimos a torto e a direito nas novelas. “Eu te amo” transformou-se numa frase de efeito, que teve validade apenas, para a cena mais emocionante do capítulo da noite passada, ou que servirá para depositarmos no personagem central do filme a nossa emotividade carente e que anseia por um imaginário ou desejado amor de verdade. Isso acontece porque, no íntimo, todos nós almejamos, um dia, encontrar o amor. De alguém por nós.

As manifestações da sexualidade no meu corpo explicam quando estou apaixonado(a) ou amando?

Não explicam mas anunciam. Acredito que por tudo que falamos, não tenha ficado uma noção limitante ou proibitiva da sexualidade. Antes, procuramos chamar a atenção quando, pelas proibições que temos dentro de nós através de uma educação ou moralismos falsos que nos fizeram temer a sensualidade e sentirmo-nos envergonhados frente a beleza, complicamos e colocamos obstáculos na nossa evolução para a compreensão das verdadeiras emoções dentro de nós. Voltamos a Emmanuel: “em nenhum caso, ser-nos-á lícito subestimar a importância da energia sexual que, na essência, verte da Criação Divina para a constituição e sustentação de todas as criaturas. Com ela e por ela é que todas as civilizações da Terra se levantaram, legando ao homem preciosa herança na viagem para a sublimação definitiva, entendendo-se, porém, que criatura alguma, no plano da razão, se utilizará dela, nas relações com outra criatura, sem conseqüências felizes ou infelizes, construtivas ou destrutivas, conforme a orientação que se lhe dê”.

Referências Bibliográficas:

  • Comte-Sponville, André, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, Edit. Martins Fontes, São Paulo, 1999.
  • Kardec, Allan, Livro dos Espíritos, FEESP, São Paulo.
  • Rilke, Rainer Maria, Cartas a Um Jovem Poeta, Edit. Globo, Porto Alegre, 1980.
  • Xavier, Francisco Cândido, ditado pelo espírito Emmanuel, Vida e Sexo, FEB, Rio de Janeiro.
  • _____________________, ditado pelo espírito André Luiz, No Mundo Maior, FEB, Rio de Janeiro.

martes, 1 de marzo de 2011

Anarquismo: O sonho de uma sociedade livre e sem governo.


Muitos já ouviram falar em anarquismo, uma sociedade sem a imposição de regras do governo, uma sociedade sobrevivente com trabalho em grupo, aprendendo com a vida. Sempre que falamos de anarquia lembramos de
nossos pais nos falando que não daria certo, dizendo que uma sociedade tem que ter alguém para impor a ordem, particularmente acho eu que é por ter alguém impondo regras que o mundo está o lixo que está. Talvez se tentássemos aprender com a vida teríamos uma verdadeira realidade e não ilusória. Quando falamos de anarquia, também nos lembramos de pessoas revolucionárias que deixam suas marcas nas paredes das grandes cidades e também
dos punks que gostam de levar uma vida sossegada e desregradas, é a um amigo punk que ofereço essa matéria, essa é pra você Marcinho.

Anarquismo pode ser definido como uma doutrina (conjunto de princípios políticos, sociais e culturais) que defende o fim de qualquer forma de autoridade e dominação (política, econômica, social e religiosa). Em resumo, os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém responsável.

O anarquismo é contrário a existência de governo, polícia,

casamento, escola tradicional e qualquer tipo de instituição que envolva relação de autoridade. Defendem também o fim do sistema capitalista, da propriedade privada e do Estado.

Os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade

dos indivíduos, solidariedade (apoio mútuo), coexistência

harmoniosa, propriedade coletiva, autodisciplina,

responsabilidade (individual e coletiva) e forma de governo baseada na autogestão.

O movimento anarquista surgiu na metade do século XIX. Podemos dizer que um dos principais idealizadores do anarquismo foi o teórico Pierre-Joseph Proudhon, que

escreveu a obra "Que é a propriedade?" (1840).

suapesquisa.com

Anarquismo (literalmente "sem poder")

Movimento político que defende uma

organização social baseada em consensos

e na cooperação de indivíduos livres e autónomos, mas onde à partida sejam abolidas entre eles todas as formas de poder. A Anarquia seria assim uma sociedade sem poder, dado que os indivíduos de uma dada sociedade, se auto-organizariam de tal forma que garantiriam que todos teriam em todas as circunstâncias a mesma capacidade de decisão. Esta sociedade, objecto de inúmeras configurações, apresenta-se como uma "Utopia" (algo sem tempo ou espaço determinado). É um ideal a atingir.

As origens do anarquismo, entroncam directamente na concepção individualista dos direitos naturais defendida por John Locke. A sociedade para este filósofo inglês era o resultado de um contrato voluntário acordado entre individuos iguais em direito e em deveres. No entanto foi só a partir do final do século XVIII que o anarquismo se veio a estruturar como uma corrente política autónoma, com seguidores em toda a parte do mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunine (1814-1870), Kropotkin (1842-1921) ou o português Silva Mendes.

A intervenção política dos anarquistas, pouco inclinados à constituição de grandes organizações, embora muito dispersa tem historicamente se centrado a sua luta na defesa de seis ideias:

1. Direitos Fundamentais dos Indivíduos. Os anarquistas, como os liberais foram os primeiros retirar das ideias de John Locke profundas implicações politicas. Em primeiro lugar a ideia da primazia do indivíduo face à so

ciedade. Em segundo, a ideia de que todo o indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade que exista ou venha a ser criada.

2. Acção Directa. Recusando por princípio o sistema de representação, os anarquistas afirmam o valor da acção directa do indivíduo na realidade social. Este conceito foi interpretado no final do século XIX/princípios do século XX, por alguns anarquistas, como uma forma de actuação política, cometendo assassinatos de figuras políti

cas que diziam simbolizarem tudo aquilo que reprovavam ( a célebre propaganda por factos).

3. Crítica dos Preconceitos Ideológicos e Morais. Uma das suas facetas mais conhecidas pela sua crítica irreverente à sociedade. Com a sua crítica demolidora dos preconceitos sociais pretendem destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal.

4. Educação Libertária. Os anarquistas viram na educação um processo de emancipação dos indivíduos, acreditando que por esta via podiam lançar as bases de um nova sociedade.

5. Auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a maioria dos anarquistas não recusa a constituição de organizações. Estas devem contudo ser o resultado de uma acção consciente e voluntária d

os seus membros, mantendo entre eles uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder (dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc). É por esta razão que tendem desconfiar ou combater, as grandes organizações porque nelas a maioria dos indivíduos tendem a ser afastados dos processos de decisão. Os anarquistas estão desde o século XIX ligados à criação de sociedades mutualistas, cooperativas, associações de trabalhadores (sindicatos e confederações, etc), ateneus, colónias e experiências auto-gestionárias. Em todas estas formas de organização procuram em pequena ou grande escala ensaiar a sociedade que preconizam.

6. Sociedade Global. Um dos seus grandes ideais foi sempre a constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países. É neste sentido que alguns anarquistas, como P. Kropotkin, viram no desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação um m

eio que poderia conduzir ao advento da Anarquia.

A defesa destas ideias tem caracterizado o movimento anarquista internacional, ao longo dos seus d

uzentos anos de existência.

Carlos Fontes


O que querem os Anarquistas?

"Anarquia, este sonho de amor e justiça..."

"O Estado é a negação da humanidade!" Mikhail Bakunin

Em artigo bastante contundente e expressivo, Errico Malatesta, discípulo italiano do russo Bakunin, discorre sobre o que é e o que se deve fazer "Rumo à Anarquia".

Em primeiro lugar, deve-se desprezar concepções errôneas segundo as quais "anarquia" seria sinônimo de "bagunça". Anarquia é ausência de governo e mesmo de atividade parlamentar; que os agentes políticos devem atuar diretamente em busca de manter e ampliar todas as formas de participação nos aspectos decisórios da sociedade em que vivem. Ação Direta, aliás, é o nome que adotam várias organizações anarquistas pelo mundo afora.

Diz-nos Malatesta em seus "Escritos Revolucionários" que "Se quiséssemos substituir um governo por outro, isto é, impor nossa vontade aos outros, bastaria, para isso, adquirir a força material indispensável para abater os opressores e colocarmo-nos em seu lugar * Mas, ao contrário, queremos a Anarquia, isto é, uma sociedade fundada sobre o livre e voluntário acordo, na qual ninguém possa impor sua vontade a outrem, onde todos possam fazer como bem entenderem e concorrer voluntariamente para o bem-estar geral. Seu triunfo só poderá ser definitivo quando universalmente os homens não mais quiserem ser comandados ou comandar outras pessoas e tiverem compreendido as vantagens da solidariedade para saber organizar um sistema social no qual não mais haverá qualquer marca de violência ou coação".

A atividade do anarquista, do socialista utópico (em sua sublime acepção de conquista da Esperança possível) não é violenta nem repentina, mas gradual, pedagógica, passo a pa

sso.

"Não se trata de chegar à anarquia hoje, amanhã ou em dez séculos, mas caminhar seguramente rumo à anarquia hoje, amanhã e sempre. A anarquia é a abolição do roubo e da opressão do homem pelo homem, quer dizer, abolição da propriedade privada dos meios materiais e espirituais de produção e do governo formal; a anarquia é a destruição da miséria, da superstição e do ódio entre as pessoas. Portanto, cada golpe desferido nas instituições da propriedade privada dos meios de produção e do governo é um passo rumo à anarquia. Cada mentira desvelada, cada parcela de atividade humana subtraída ao controle da autoridade, cada esforço tendendo a elevar a consciência popular e a aumentar o espírito de solidariedade e de iniciativa, assim com a igualar as condições é um passo a mais rumo à anarquia."

Os surrealistas, que há anos estão unidos aos anarquistas afirmam ainda que cada

vez que um casal se une e sua união não é uma fancaria, mas a autêntica expressão do verdadeiro amor entre duas pessoas que se completam plenamente, ocorre mais um abalo no que chamam de "gigantesca caserna" em que se tornou a sociedade industrial. "O ocidente é um acidente!" denuncia Roger Garaudy em "Apelo aos Vivos" com a autoridade de quem sempre esteve nos pontos mais avançados de defesa política e filosófica do que promove o humano no mundo.

Seguindo com Malatesta: "Não podemos, de pronto, destruir o governo existente, talvez não possamos amanhã impedir que sobre as ruínas do atual governo um outro surja: mas isto não nos impede hoje, assim como não nos impedirá amanhã, de combater não importa que governo, recusando-nos a submetermos à lei sempre que isto seja contrário aos nossos imperativos de consciência. Toda a vez que a autoridade é enfraquecida, toda a vez que uma grande parcela de liberdade é conquistada e não mendigada, é um progresso rumo à anarquia. Da mesma forma, também é um progresso toda a vez que consideramos o governo como um inimigo com o qual nunca se deve fazer trégua, depois de nos termos convencido que a diminuição dos males por ele engendrados só é possível pela redução de suas atribuições e de sua força, não pelo aumento no número de governantes ou pelo fato de serem eles eleitos pelos governados. E p

or governo entendemos todo o indivíduo ou grupo de indivíduos, no Estado, Conselhos etc. que tenha o direito de fazer impor leis injustas sobre quem com elas não concorda".

Contundente e radical, repita-se, Malatesta e toda a tradição anarquista que lhe se-

gue proporá a chegada a um governo auto-gestionário, do qual todos possam participar livremente. Um sistema auto-gestionário que possibilite participar livre e alegremente de todo o processo decisório e de execução do que terá sido decidido coletivamente, para que se chegue ao maior aperfeiç

oamento social promotor do humano no mundo. Toda a vitória, por menor que seja, dos trabalhadores sobre as classes patronais, todo o esforço contra a exploração do homem pelo homem, toda a parcela de riqueza subtraída aos proprietários e posta à disposição daqueles que a geraram, toda a união amorosa plena entre duas pessoas que se amam intensa e sinceramente, tudo o que se fizer para melhorar as condições existenciais da maioria enfim, será mais um progresso, mais um passo rumo à anarquia, "este sonho de justiça e de amor entre os homens..."

Lázaro Curvêlo Chaves - Primavera de 2000